sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Nós e Copenhague, por Themis Groisman Lopes*

É de conhecimento geral que no período de 7 a 18 deste mês será realizada em Copenhague a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

O fato de os dois países mais poluidores do mundo, Estados Unidos e China, comparecerem à conferência com o compromisso de agir no sentido de diminuir a emissão de gás carbônico até o ano 2020, os americanos em 17% e os chineses em até 40%, renova a esperança daqueles que acreditam numa possibilidade de significativa melhora na qualidade de vida em nosso planeta.

Fala-se muito a respeito da responsabilidade dos países na melhoria das condições climáticas, bem como na preservação da natureza. Gostaria que o assunto fosse tratado de forma bem mais abrangente.Todos sabem que foi o ser humano causador direto da destruição da natureza. Então, pergunto: não seria de atribuir ao homem, seja individualmente, ou como grupo, o comprometimento com a melhoria climática do mundo em que vivemos?

Desejando uma Terra melhor para nossos descendentes, também temos a obrigação de fornecer indivíduos melhores para esta mesma Terra. Não podemos deixar de pautar a educação de nossas crianças, que serão os adultos de amanhã. A palavra-chave é respeito.Estas considerações são baseadas em fatos presenciados em nosso dia a dia. Todos já vimos jovens com garrafas plásticas ou latas de cerveja e, após ingerirem os líquidos, as jogarem displicentemente nas ruas (calçadas), sem a mínima consciência.

A falta de respeito parece ser lugar-comum em nosso país. Diariamente presenciamos fatos relacionados a esta palavra “respeito”, tão falada e tão pouco praticada. Ontem mesmo, uma escritora relatou que, ao parar o carro, por solicitação de um pedestre, que fazia o já conhecido sinal de mão para passar, foi ofendida por uma motorista que vinha atrás. Semana passada, recebi um e-mail cruel: denunciava dois garotos batendo num cachorrinho a pauladas e divertindo-se com o fato. Como conceber que crianças que tratam dessa maneira um ser vivo se preocupem em preservar a natureza? Outro dia, num shopping, havia uma pessoa fantasiada de felino, fazendo propaganda de uma loja, quando um menino acompanhado do pai, solicitou: “Pai, vamos brincar com ele?”. A resposta foi: “Vamos filhinho, vamos lá dar um soco na cara dele”.

Faço um apelo aos pais e educadores, para que ensinem aos seus filhos as mais elementares regras de convivência: respeito e consideração consigo e com os demais. Comecem pelo exemplo. Comportem-se como cidadãos ciosos, criando um mundo mais humano e fraterno. Claro que a Conferência em Copenhague é um fato histórico importante, mas existe algo básico, talvez mais fundamental, que é a conscientização de cada um de nós em relação ao nosso papel nessa história. Um plástico, uma lata, colocados em lugares apropriados, bem como a reciclagem de lixo, são pequenas (grandes) contribuições à melhoria das condições climáticas.

Não precisamos estar pessoalmente na Dinamarca para somarmos esforços. Podemos contribuir através do respeito e da responsabilidade para tornar o planeta em que vivemos um lugar acolhedor e saudável para nós, para nossos filhos e netos.

*Psiquiatra
Artigo publicado na página 27 de Zero Hora no dia 04/12/2009

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